Nas artes marciais a relação entre mestre e discípulo é sempre mais próxima e formal. Todos sabemos que só devemos chamar o mestre de determinada maneira, como Sensei nas artes japonesas, e devemos cumprimenta-lo de determinada maneira, curvando-se no mesmo exemplo. Nas artes marciais chinesas esta proximidade e formalidade são ainda mais acentuadas graças à influência confucionista na cultura chinesa. A filosofia de Confúcio colocava a família como a coisa mais importante ao indivíduo, por isso no kung fu nos referimos a mestres e colegas como família, o que já foi abordado antes, e usamos o cumprimento kinlai, que também já abordamos. Mas ainda há um elemento que ainda não discutimos: a cerimônia de discipulado.
Durante a cerimônia, mestre e aluno juravam lealdade e comprometimento um para o outro. O mestre ensinaria os maiores segredos da sua arte e em troca o aluno possuiria dedicação total à arte marcial e seu mestre. Fazer o Bai Si significava que você teria uma relação muito mais próxima com seu mestre, quase de pai e filho. Era como se fosse um clube especial, muito difícil de ser admitido, mas muito fácil de ser expulso. O novo discípulo estaria sob constante provação. Deveria mostrar qualidade técnica, moral e seguir estritamente as regras da escola, deveria obedecer qualquer comando de seu mestre, ter obrigações especiais como limpar, manter e promover a escola/local de treino, ensinar aos colegas mais novos, representar o mestre em ocasiões onde ele não poderia comparecer, e muitas outras obrigações. As vezes também era proibido de treinar com outros mestres, a não ser por permissão de ambos.
Os alunos que não cumprissem com suas obrigações ou quebrassem as regras da escola eram expulsos permanentemente, não poderiam nem voltar a ser alunos comuns. O Bai Si também significava que a partir dele você seria um representante oficial de seu mestre e seu estilo. Perder ou ganhar alguma luta, sua boa ou má conduta afrente de qualquer assunto, repercutiria na imagem do seu mestre e escola, trazendo desonra para todos.
As regras e procedimentos para realização do Bai Si variavam de escola para escola. Mas geralmente seguiam os seguintes passos:
A partir de agora o aluno se transformaria num TouDai (徒弟), um discípulo, aprendiz.
Lembrem-se que o Bai Si não era uma cerimônia de graduação. Na graduação o aluno poderia receber um certificado e tiraria uma foto à DIREITA do mestre, o que representava que o aluno estaria pronto para ensinar seus próprios alunos.
O Bai Si não era realizado apenas para o discipulado em artes marciais, também poderia ser usado para pintura, música, culinária, medicina e etc. Hoje em dia poucas academias ainda realizam o Bai Si, seja porque pouca gente está disposta encarar os desafios antes e depois da cerimônia, ou porque a escola não mais planeja reservar parte do conteúdo do estilo para um seleto punhado de alunos. Mas de qualquer forma devemos lembrar de como era difícil aos nossos antepassados de kung fu aprender essa arte, e também honrar e nos comprometer com nosso mestre e tradição.
Por Murilo Caruy Povoa
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